segunda-feira, 21 de julho de 2014

Olhos assim

Já passei por muitos lugares
Muitas coisas eu já vivi
Mas confesso
Que de todos esses lugares
De todos os rostos de pessoas e seus olhares
Olhos assim eu nuca vi

Já houve olhares que me deram medo
Já houve olhares que me revelaram segredos
Outros que me afugentaram
Houve outros, ainda, que me convidaram
A realizar meus mais selvagens desejos

 Já houve olhares que controlaram
Já houve olhares que me vigiaram

Existe olhar vago, enfadonho e olhar que seduz
Mas jamais vi um olhar tão sereno, tão calmo
Encher tanto minh’alma de luz

 

sábado, 25 de janeiro de 2014

If there was a place that I could choose…

If there was a place that I could choose If there was a place that I could never lose A place where I’d be safe and never fall apart I’d certainly chose a place Deep within your heart And I’d like to stay there forever I would make your heart my home and my treasure. I woud struggle and try hard Never to hurt you inside Because your heart would be my shelter A stronghold against rough weather A safe harbor against the storms of life I would be cozy and warm While outside there was a raging storm I would read books in a comfortable warmchair Then you would come from behind and caress my hair That, for me, would be a big surprise Then you would sit on my lap We would kiss and we would smile And we would stay there For all the while We would have a dog and a cat We would sing and we would chat We would have a daughter And we would be amazed When she became a toddler If there was a place that I could choose I’d chose a place deep within your heart Because I’ve never wished To to belong to a place, so hard As I now wish To belong to your heart.

sábado, 15 de agosto de 2009

Valéria

Ver-te sorrir
É o que mais quero
E ver-te feliz
E ver-te bem
E ver-te bonita
Como sempre és
E ter-te por perto
Sempre que puder
E ver-te passar
E ver-te sonhar
E vir te visitar
Sempre que der
E ver-te nesse vestido
Tão mulher
E ouvir-te falar
E ouvir-te contar
Tuas histórias
E ver-te sonhar
E ver-te ao sol
E ao luar
E ver-te girar e girar
E desaparecer no salão
Para depois então
De súbito ressurgir
E me olhar e sorrir
E num giro rápido subtrair
Tua imagem de diante de mim
E ver-te brilhar e brilhar
Com esse teu brilho sem fim.

03/03/97 - Monday

1977

1977 foi um ano bom
Eu, recém chegado da cidade grande
Para morar numa cidadezinha do interior de Minas
A liberdade e o contato íntimo com a natureza
Foram as grandes diferenças
Havia muito mato
Muitas frutas silvestres
Às margens do rio
Onde hoje há muitas casas
As pessoas que eu conhecia
Eram jovens e crianças
Ou recém saídas da infância
Todos lutávamos por nosso espaço
Mas ninguém demonstrava assim tanto cansaço
Nossos sorrisos eram mais sinceros
Visto que o futuro não havia ainda sido descoberto
Não havia em nós assim tantas marcas
Nosso brilho era muito mais vivo
Não era assim tão opaco
Nossas vidas tinham muito mais vida
E nossos sonhos eram muito mais reais
E tudo o que era velho para muitos
Para nós era novo
E às vezes
Cheio de mistérios

Nossos caminhos
Mal haviam sido traçados
Por isso não seguíamos em nenhuma direção
Todos os dias
Traziam-nos o sol
A natureza
E a alegria
E meninos por mais um dia
Era tudo o que queríamos ser

Havia em nossos corações
Muito mais amor
E muito mais afeto
Fazíamos piquenique
Nadávamos nos rios
Brincávamos no mato
Cantávamos músicas
Acompanhados por violões
Brincávamos nas árvores da praça
Próximas aos trilhos do trem
Que não haviam ainda sido envenenadas pelos herbicidas

Sonhávamos ser tanta coisa
Olhávamos para o céu a noite
E não víamos constelações
Não víamos planetas
Tudo o que víamos eram estrelas

Das árvores antigas que marcaram nossa infância
Apenas aquela
No alto do morro
Onde fizemos piquenique
E a do Pau Brasil
No caminho do rio
Continuam a projetar sobre nós suas sombras

E de tudo isso
O que mais me dói
Não são essas marcas
Não é ter crescido
Não é o sonho
Não ter sido realizado
Não é nosso brilho
Que se ofuscou

O que mais me dói
É saber que 1977
Ficou a vinte anos atrás.

18/07/1997

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Uma Noite Sem Estrelas ou Natália

Uma noite sem estrelas
É como uma noite sem você
É uma noite de trevas
Onde nada se vê
É estar apenas por acaso
Sem nenhuma razão de ser

É estender o momento até a eternidade
É lutar e perder
É morrer de vontade
Sem se satisfazer
É sonhar com teu rosto
E nunca poder te ver

É procurar o prazer
E sentir sempre dor
É amar-te de verdade
E nunca ter teu amor

É passar pela vida
E dar pouco valor
É viver preto e branco
Num mundo sem cor

É andar a esmo e sozinho
É tropeçar em todas as pedras pelo caminho
É pisar em espinhos
É deixar de viver

É sonhar com você
Chegando bem devagarinho
Me dando todo o teu carinho
E isso nunca acontecer

06/07/97

Pela Janela da Sala de Aula

Pela janela da sala de aula
Meu pensamento voa
Transpõe as montanhas
Chega até uma cidade...
Uma pequena cidade
E novamente
Quebra as barreiras do tempo
Voltando ao passado
Onde eu jamais poderei voltar

E pela janela da sala de aula
Vejo entrar meus amigos
Vejo entrar um rio de águas límpidas, claras e verdejantes
Vejo entrar a madrugada em que fomos á serra a pé
E também as noites em que ficávamos parados na esquina
Conversando até quase ao amanhecer
Vejo entrar o primeiro dia
Em que atuei como palhaço na escola
Vejo entrara garota que não consigo esquecer
Tocando um tambor na fanfarra da escola
Num dia de 7 de setembro.
Vejo entrar meus amigos...
É difícil esquecer
Pois os conheci brigando contra eles
Tudo me vem à memória
Pela janela da sala de aula.

23/03/1987
Oh! Estrela que brilha entre as estrelas
Vieste tão depressa
Brilhaste tão intensa
Enriqueceste tanto um momento

Contudo estrela não eras
Eras um meteoro.

18/06/96